Gestão de custo é foco de pecuarista, diz pesquisa
Uma pesquisa realizada com 1.630 entrevistados em 542 municípios diferentes de todos os Estados do Brasil mostra que a maior preocupação do pecuarista brasileiro é em relação a sua gestão de custos. Cerca de 70% dos participantes da enquete identificaram-se como produtores rurais. O estudo já é considerado um dos maiores do setor pecuário e foi executado por meio de parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Nespro/Ufrgs). Mais da metade dos entrevistados entre os meses de abril e maio apontaram a questão da gestão de custos como extremamente prioritária. Além desse outros itens também foram destacados, entre eles o controle de ectoparasitas, com índice de 37,8%; técnicas de manejo de pastagens cultivadas e nativas, com 43,1%; qualidade e segurança da carne, com 43,2%; seleção animal baseada em índices econômicos, com índice correspondente a 30%; além do primeiro da lista, custos de produção, com índice de 57,6%. O questionário englobou 39 perguntas em cinco diferentes áreas do conhecimento: saúde e bem-estar animal; nutrição animal e forrageiras; melhoramento animal; ciência e tecnologia da carne; e gestão e sistemas de produção. “Com esse resultado, o pecuarista demonstra que quer compreender melhor como funciona o seu negócio, o registro de receitas e despesas da propriedade, assim como os indicadores de eficiência econômica, de forma que o ajude a organizar melhor e gerir o estabelecimento rural, obtendo, assim, mais lucratividade de sua atividade”, interpreta o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Vinícius Lampert. Os participantes da pesquisa também pontuam sobre o trabalho. O pecuarista de Bagé (RS), Ricardo Zuliani, que participou da enquete, afirma que esse tipo de levantamento é fundamental para aproximar a pesquisa do produtor rural: “O trabalho da Embrapa na produção de tecnologias que aumentem produtividade e renda do setor é sempre necessário e precisa evoluir constantemente, pois as mudanças são rápidas e as necessidades dos produtores são muitas. Espero que realmente aconteçam na prática pesquisas guiadas por esse questionário”. Entre os participantes, também estiveram profissionais ligados ao setor, como o engenheiro agrônomo Mateus Arantes, de São Paulo (SP), que também ressalta a importância da pesquisa para melhor compreensão da pecuária: “Tudo que venha a contribuir para conhecermos melhor o setor, ver as dificuldades, em que área é possível ajudar, é válido. Tem muita coisa que dá para descobrir para o setor a partir desse tipo de levantamento, para depois focar na pesquisa ou mesmo em estratégias de governo”. Acadêmicos como o professor em planejamento agropecuário e administração rural da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Paulo Rodrigo Pereira, também estiveram entre os entrevistados. “A iniciativa da pesquisa é muito importante, pois busca identificar com os stakeholders como eles percebem a cadeia produtiva, seus problemas, gargalos e entraves, a fim de oferecer informações que permitam a essa cadeia ajustar sua filosofia de trabalho e suas políticas macroambientais”, analisa. CONTINUIDADE O estudo, no entanto, ainda não chegou ao fim. A primeira análise da pesquisa aconteceu com as informações coletadas de 5 de abril a 31 de maio de 2018, mas a enquete segue aberta ao público e uma segunda avaliação dos números vai ser realizada no fim deste ano. Já a partir de 2019, a pesquisa continuará com o objetivo de levantar um número maior de repostas. A partir da análise dos dados, o trabalho busca subsidiar o direcionamento de estratégias de pesquisa, transferência de tecnologia e divulgação de informações para os públicos de interesse. Além disso o estudo também visa identificar prioridades específicas de cada região, de modo a contribuir para a definição de políticas públicas para a pecuária de corte, considerando as diferenças regionais. “Com essa atualização e conhecimento dos principais problemas do setor vai ser possível qualificar a definição de estratégias de pesquisa e comunicação e, como consequência, favorecer a melhoria da competitividade da pecuária de corte brasileira”, completa Lampert. Um ponto ressaltado é que, paralelamente à identificação das demandas, estão sendo levantadas as soluções tecnológicas existentes e que estão disponíveis para uso pelo setor produtivo. Depois, pretende-se cruzar essas demandas com as soluções tecnológicas já existentes, sendo possível, assim, identificar quais inovações prioritárias devem ser desenvolvidas. SOLUÇÕES A partir desta extensa pesquisa muitos estudiosos poderão embasar outras teses com os dados recolhidos. Até o momento, 319 soluções tecnológicas produzidas por 22 Unidades da Embrapa e seus parceiros nas diversas áreas da bovinocultura de corte já estão organizadas. “Tais produtos, processos, serviços, metodologias, práticas agropecuárias e sistemas serão comparados com as demandas levantadas na pesquisa. Nos casos em que a solicitação estiver contemplada por tecnologias desenvolvidas, o esforço será direcionado às ações de transferência de tecnologia. Nas situações em que ainda há carência, novos projetos de pesquisa e desenvolvimento estarão em discussão”, revela o pesquisador em transferência de tecnologia da Embrapa Gado de Corte (MS) Paulo Henrique Nogueira Biscola. O estudo, segundo o professor da UFRGS e coordenador do NESPro, Júlio Barcellos, é fundamental para orientar o campo de pesquisas e dar respostas assertivas para o setor rural e a sociedade, de forma a otimizar recursos e ser eficiente no desenvolvimento de tecnologias. “Interpretar adequadamente essas informações é um ponto de partida para que a pesquisa agropecuária esteja sempre alinhada com a necessidade de melhorar as respostas de natureza científica e tecnológica”, destaca. A professora da Unipampa, Fernanda Garbin, também pontua a efetividade da pesquisa no campo social. “Nesse projeto, reconhecemos a importância da pecuária para nossa economia e esperamos, dessa forma, contribuir para o desenvolvimento econômico e social”, declara.
Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe feed&food Foto: Reprodução
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