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Taxar exportação de carne bovina, por que não funciona e aumenta o problema?

Taxar exportação de carne bovina, por que não funciona e aumenta o problema?
13/Fevereiro/2025
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Nos últimos meses, surgiu a proposta do governo federal de taxar a exportação de carne bovina com o objetivo de aumentar a oferta no mercado interno e, por consequência, reduzir os preços para o consumidor brasileiro.

Taxar a exportação de carne bovina do Brasil, embora seja uma medida aparentemente lógica, não traz resultados efetivos e gera impactos negativos para toda a cadeia produtiva no médio e longo prazo.

Vale lembrar que a inflação dos alimentos é um assunto indigesto para o governo que busca soluções pontuais para o problema. E é importante destacar que não existe solução “mágica” e imediatista para o problema e isso requer planejamento.

A Experiência da Argentina: Um Alerta ao Brasil

A taxação das exportações de carne já foi testada em outros países, e a Argentina é um caso emblemático. O país vizinho adotou medidas semelhantes no passado com a intenção de controlar os preços internos, mas o que se viu foi um efeito contrário. A imposição de barreiras às exportações desestimulou os pecuaristas, que reduziram seus investimentos em produção e no aumento do rebanho. Como consequência, a oferta de carne diminuiu ao longo dos anos, levando a um inevitável aumento dos preços.

O impacto dessa política foi tão grave que a Argentina, que já foi um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, perdeu relevância no cenário internacional. Além disso, o setor sofreu com a falta de previsibilidade, levando muitos pecuaristas a abandonarem a atividade ou reduzirem drasticamente sua produção. Esse cenário deve servir de alerta para o Brasil, que corre o risco de cometer os mesmos erros.

Impactos Negativos para a Produção e o Mercado

A pecuária é um setor de ciclos longos. A decisão de reduzir investimentos hoje pode ter reflexos que durarão anos. Ao tornar as exportações menos rentáveis, os pecuaristas podem optar por diminuir sua produção, o que inevitavelmente levará a um menor volume de carne disponível no futuro. Com isso, o que se pretende como uma solução para baixar os preços pode, na verdade, criar um problema ainda maior a médio e longo prazo: escassez e aumento de custos.

Outro ponto crítico é que o Brasil é um dos maiores exportadores globais de carne bovina, com mercados consolidados em países como China, Estados Unidos e países do Oriente Médio. A criação de barreiras artificiais para as exportações pode minar a confiança dos compradores internacionais, prejudicando acordos comerciais e abrindo espaço para concorrentes em mercados estratégicos.

O Que Realmente Pode Ser Feito?

O problema do alto preço da carne no Brasil não será resolvido com medidas pontuais e de curto prazo. O que o setor precisa são ações estruturais que garantam previsibilidade e crescimento sustentável. Entre as alternativas mais eficazes estão:

– Segurança jurídica: Políticas estáveis e previsíveis são essenciais para que os pecuaristas possam planejar seus investimentos a longo prazo.

– Seguro agropecuário: A criação de instrumentos financeiros robustos para mitigar riscos climáticos e sanitários ajudaria a evitar perdas que impactam os preços.

– Infraestrutura e logística: Redução do custo Brasil por meio de investimentos em transporte, armazenagem e processamento, tornando a cadeia produtiva mais eficiente.

– Incentivo à modernização: Políticas que incentivem o uso de tecnologia e inovação na pecuária podem aumentar a produtividade sem a necessidade de expansão territorial.

O Brasil tem potencial para continuar sendo líder no mercado global de carne bovina, mas para isso, precisa evitar medidas que, no fim, apenas desestimulam a produção e geram incertezas. A solução não está em taxar as exportações, mas sim em criar um ambiente favorável ao crescimento do setor, garantindo competitividade e sustentabilidade a longo prazo.

Fonte: Farm News

Fonte da Foto: Canva Pro

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