Por Júlio Alves*
Não é de hoje que a indústria de alimentos e, especificamente, os frigoríficos buscam por processos cada vez mais automatizados. Desde a Revolução Industrial no século 19 já se apostava em tecnologia e mecanização para uma produção mais eficiente e com menos perda. O que não imaginávamos é que nas últimas décadas íamos evoluir tão rapidamente para plantas com robôs nos processos de produção, não é mesmo?
Ao analisar o cenário de crise econômica e sanitária que estamos enfrentando, percebemos que é ainda mais necessário que a indústria alimentícia se comprometa com soluções que ofereçam mais produtividade, já que precisamos abastecer nossa população, garantindo sempre a segurança alimentar dos produtos e condições seguras de trabalho para os operadores desta indústria.
Além disso, temos visto um crescimento significativo na produção de proteínas no Brasil que se deve muito ao aumento de exportação de carnes nos últimos meses. Só o mercado de carnes suínas cresceu em torno de 58% no mês de maio em comparação com 2019, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal.
Resumindo, quanto mais produção, mais cuidados precisamos ter, principalmente em momento de pandemia. E para nos protegermos neste momento, não tenho dúvida que a automação industrial é a chave para que frigoríficos e outras indústrias de alimentos se mantenham seguros.
Engana-se quem pensa que projetos de automação dependem de altos investimentos e adaptações custosas nas linhas produtivas. Muitas vezes, implementações simples de sistemas automáticos de ensacamento, por exemplo, já transformam uma linha de produção com mais eficiência e segurança. Para se ter uma ideia, a implementação de uma ensacadora semiautomática que substitui o ensaque manual faz com que a produtividade aumente 50%, ou seja, uma operação que necessita de dois operadores, com esta solução, passa a necessitar de apenas um, liberando espaço e disponibilizando essa mão de obra para outros setores – fator extremamente relevante, tendo em vista que hoje muitos frigoríficos encontram dificuldade na busca por mão de obra qualificada.
Outro fator importante é que os processos automatizados para embalagem de proteínas garantem mais segurança alimentar, e um dos motivos é porque evitam pontos de contato durante o ciclo produtivo. Uma embalagem a vácuo em sistema automático evita contaminação da proteína e protege o alimento, proporcionando qualidade do produto.
Não posso deixar de citar também que os frigoríficos e plantas de alimentos que dispõem de processos manuais agora enfrentam o desafio de oferecer o máximo de proteção para seus funcionários, disponibilizando EPIs adequados e seguindo recomendações de saúde. Em muitas unidades, os funcionários trabalham lado a lado na planta e não conseguem cumprir o distanciamento recomendado, fator que agrava a crise de contágio de doenças como a covid-19. Já em plantas industriais com aplicações de engenharia e automação, conseguimos distribuir melhor a sua mão de obra, com melhores fluxos e tornando o processo mais seguro e eficiente.
A cada dia a automação na indústria de alimentos se faz mais necessária. Desde processos de baixa complexidade a projetos de robótica, já existem no mercado expertise e soluções que podem ser personalizadas para a demanda de cada operação, proporcionando processos mais inteligentes, produtivos e seguros para toda a cadeia.
*Júlio Alves é gerente de Equipamentos da Sealed Air, empresa líder em fabricação de embalagens e soluções de proteção
Fonte: CarneTec